Uffa... Quase!

Estava eu voltando da faculdade para casa, alegre, porque era sexta-feira e estava a caminho de encontrar com os amigos pra passar o resto da noite falando besteira e rindo sem motivos obvios. Tranquilão na minha, dentro do busão, sentado no lado da janela, ouvindo 'O Rappa ao Vivo na Rocinha' e pensando nos meus pensamentos mais recorrentes. 

Quando de repente, após o ônibus parar em uma parada, sinto uma aproximação do lado de fora do ônibus, na direção diagonal trazeira do meu lado esquerdo, vou virando despretenciosamente para olhar, ainda com as mãos no ritmo de "Meu Mundo é o Barro" e ainda pensativo. 

E um cara pula, estica o braço para dentro da minha janela na direção ou dos fones ou do boné que usava.
Mas fui mais rapido que ele, voltei meu corpo para traz e ele ficou na merda. Saiu na mesma calma que se aproximou, como se nada tivesse acontecido... e eu continuei como se nada tivesse acontecido tambem.

Mentira.

Me assustei. Apesar de já ter presenciado um assalto parecido e apesar de já ter sido assaltado diversas vezes. Fiquei um pouco nervoso, confesso. Na hora não conseguia mais acompanhar a música que tocava em meus ouvidos, e meus pensamentos agora, era as recordações dos momentos "chatos" das vezes que fui assaltado.

A medida que me acalmava ia ficando revoltado. Revoltado com todas as vezes que fui assaltado, com aquela tentativa. E pensava em silêncio: "E se ele tivesse levado meu boné? Tudo bem, só custou R$15,00 na Renner, mas porra, eu comprei, trabalhei pra comprar, foram quinze reais suado."
Fui lembrando do celulares que "perdi". E principalmente na sensação horrivel que é ser assaltado. 
Quem ja foi sabe do que falo, e quem não foi, desejo que não descubra como é.

Fiquei revoltado pelo fato de não poder mais voltar da facul sem me preocupar com esse e outros tipos de violência. Cadê a segunrança publica? Cadê meu direito de ir e vir?

A revoltando foi ficando de tal tamanho que quando me deparei, já estava puto com geral, com o ladrão filho-da-puta desonesto que acha que esse é o atalho pra sair da condição em que vive, enquanto outras pessoas (a maioria delas) trabalham duro e honestamente para sobreviver. Puto com a polícia, que mesmo sabendo onde são os pontos criticos da cidade, não fazem nada, e puto em especial, com o Ronda, que só quer saber de comer de graça (isso abrange lanches e adolescentes da periferia). Puto com os politicos (FDP³), que por andarem de carro importado blindado, tão cagando e andando pra quem anda de busão e tem que encarar a violência da cidade. E por final, fiquei puto com os cidadãos que acham que essa situação é irreversivel, são acomodados e 'não querem saber de politica', e não percebem que grande parcela da culpa do que acontece é deles próprios, por se fazerem de "ouvido de mercador" (como diria minha avó).

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